sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Teus belos olhos

Cheguei à conclusão de que eu amava o que via no fundo dos teus olhos: minha imagem refletida de maneira tão bela, nítida e poética, que me fazia acreditar ser diferente diante da multidão e uma flor única e especial que merecia ser amada... E como eu amava os teus olhos! Teus belos olhos gentis e amáveis que me faziam crer que todo você o era.

E estar junto era estar completa, como a outra metade perdida de mim ter sido encontrada. E como me preocupavam os teus olhos. Quanto tristes, queria fazê-los sorrir; quando preocupados, queria confortá-los; enciumados, queria passar-lhes segurança e a certeza de que outros olhos eu não queria amar, senão os belos e românticos olhos do meu amor refletido.

Mas a roda viva girou e com ela, meus belos olhos amados se perderam. De repente, minha imagem refletida parecia opaca e sem vida, como perdida no fundo de um longo poço de águas turvas. Por mais que eu tentasse trazer minha imagem de volta à superfície, ela parecia afundar cada vez mais, até chegar tão fundo e escuro, que, por vezes, não mais a via.

E os belos olhos que eu amava mudaram e não mais eu gostava do que via. A saudade dos velhos olhos, outrora tão queridos, faziam os meus chorarem de dor. Lágrimas escorreram pelos meus olhos dia após dia, e a calmaria finalmente veio, mas junta a um vazio. E os belos olhos que um dia amara transformaram-se apenas numa lembrança de um grande amor perdido, ou momentaneamente inventado. 

Patrícia S.